segunda-feira, 27 de junho de 2011

Hotel Hapimag aposta na autenticidade com jardim mediterrânico

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ana sofia varela Ver Fotos »
Jardim Mediterranico do Hotel Hapimag em Albufeira

Autenticidade e sustentabilidade são duas palavras que servem na perfeição ao Jardim Mediterrânico que tem vindo a ser desenvolvido, há dois anos, no Hotel e Resort Hapimag, em Albufeira, pela empresa Cláudia Schwarzer Arquitetura Paisagista.
É que este projeto pretende recuperar no resort, que já tem 15 anos, a paisagem natural, idêntica à que existe nos campos do Algarve, substituindo os relvados. Ao mesmo tempo, ambiciona reduzir a fatura da água e terminar com a mistura de espécies autóctones, exóticas e invasoras.

O objetivo é ainda reduzir os efeitos nefastos da utilização de relvados, que necessitam de mais manutenção, de muito adubo e água. Os fertilizantes podem ainda contribuir para a contaminação do solo e do nível freático.


«Muitos resorts têm no jardim apenas relvado e palmeiras. Se o cliente espreitar pela janela não sabe se está na Califórnia, na África do Sul ou na Tailândia», afirmou Cláudia Schwarzer, proprietária da empresa, enquanto mostrava a vertente concretizada do jardim mediterrânico ao «barlavento», na sexta-feira passada, Dia Mundial de Combate à Desertificação.


Com mais de 50 hotéis, o grupo suíço Hapimag resolveu dar mais significado à autenticidade, tendo começado por criar um programa que adequa os pratos servidos nos seus restaurantes à zona onde se inserem.


Quando o casal de empresários apresentou o projeto «de transformação dos espaços verdes do resort no Algarve num jardim natural mediterrânico», o grupo percebeu que este projeto tinha o mesmo conceito do que o que estava a ser feito com a gastronomia, explicou Udo Schwarzer.


«A direção do hotel estava consciente de que nos seus jardins tinham acácias (espécie invasora), mas que tinham que reverter a situação. Procuravam uma solução diferente, sem saber exactamente o quê», acrescentou Cláudia.


Depois de aceite esta intervenção pelo grupo suíço, o primeiro passo foi estudar o clima da zona para compreender que espécies se adaptariam ao local.


«Chegámos à conclusão que o nível de pluviosidade anual é de 350 mm e, se olharmos apenas para este indicador, o clima é quase semi-desértico, podendo a estiagem, neste local, chegar aos oito meses», avançou o empresário.


A equipa fez ainda um levantamento de todas as espécies existentes no empreendimento (plantadas e que nasceram espontaneamente).


Depois de elaborado todo o planeamento, a equipa começou a trabalhar nas áreas que consideraram mais urgentes, como as grandes extensões de relvado.


Por isso, e como o projeto ainda não está concluído, ainda é possível encontrar em pequenos espaços plantas que necessitam de muita água, com outras que não precisam tanto. Mas esta é uma situação que com a manutenção e com as indicações dos empresários terá tendência a se transformar.


«É uma mistura que existe muito, mas que, no nosso entender, não se pode fazer e é isto que nós tentamos reorganizar neste espaço», salientou Udo. Um dos exemplos desta situação é a colocação de uma oliveira, que necessita de pouca água, no meio de um relvado.


Assim, o projeto avançou com a renaturalização do jardim na entrada do resort, que passou a ser um género de montra para o que foi criado no interior. E foi quando a equipa retirou as acácias (espécies invasoras) deste local que descobriu o tesouro que já residiu naquelas terras.


«Pegámos naqueles restos da vegetação original para virar o jardim numa direção diferente e concretizar o objetivo da intervenção, usando plantas indígenas», revelou a empresária.


No interior do resort, a política seguida foi a mesma, sendo que apenas resistirão à intervenção três zonas de relvados: um porque é utilizado como campo de jogos, outro para churrascos e música ao ar livre e outro ainda, junto à piscina, onde são colocadas espreguiçadeiras.


Para a empresária, manter estes espaços não será um gasto desnecessário, pois são bastante utilizados no resort.


Já as espécies exóticas que estavam espalhadas, foram agrupadas numa outra parte do terreno. «Devido ao seu valor económico, foram todas colocadas num único espaço», avançou Cláudia.


Ainda assim, o sucesso do projeto tem sido tão grande junto aos clientes, que já há quem pergunte, quando é que aquelas espécies são substituídas por vegetação natural.


O projeto, que não pretende apenas plantar espécies autóctones, mas também reconstruir a vegetação natural do local, já transformou 4500 metros quadrados de relvado, o que levou à poupança, em 2010, de mais de 11 mil metros cúbicos de água.


E como será um jardim natural, é previsível que a rega diminua com o passar dos anos, visto que as plantas se adaptam ao clima e ao local onde estão inseridas.


No jardim mediterrânico do Hotel e Resort Hapimag, situado no interior do empreendimento, foram plantadas qualquer coisa como cerca de 12 mil plantas, mil gramíneas, 500 plantas vívazes, 9325 espécies de arbustos e subarbustos de espécies autóctones e175 árvores, das quais 90 são oliveiras. Foram eliminadas 50 acácias.


Entre as espécies plantadas encontram-se ainda as alfarrobeiras, os pinheiros mansos, os zambujeiros, tomilhos, rosmaninho, perpétuas da praia, roselha grande, alecrim ou a palmeira-anã.


Mas nem sempre foi tarefa fácil encontrar as plantas, como o tomilho algarvio, para comprar, pois segundo Cláudia, em Portugal não há produção destas espécies.


«Muitas plantas vieram do sul de França, de um viveiro especializado, porque não há produção em Portugal. Só recentemente abriu na zona do Montijo um novo viveiro que tem plantas das zonas dunares, o que já é bom, mas que ainda não serve para este projeto», esclareceu Udo Schwarzer.


Marilyn Kahan, coordenadora da equipa de jardinagem no empreendimento, contou ao «barlavento» que não teve dificuldade em adaptar-se ao projeto, pois já conhecia algumas plantas mediterrânicas. «O problema é mesmo encontrar as espécies» para comprar e trabalhadores que não sejam resistentes a ideias novas, ilustrou.


O Hapimag em Albufeira passou, assim, a ter, além de um jardim com ervas aromáticas usadas na gastronomia da região, um viveiro para ter sempre à mão as plantas que necessitam e um espaço de compostagem, onde é feita a trituração de ramos e troncos de árvores.


«Cortámos mais de 50 acácias no resort, sendo que depois usámos este material triturado para tapar a terra do jardim, pois é uma forma de manter a água mais tempo, da terra ficar mais solta e de melhorar o solo», concluiu Cláudia. A espécie invasora retorna ao jardim, mas de forma sustentável.


A filosofia do projeto pretende dar uma paisagem natural ao resort, em vez dos habituais canteiros ajardinados que se tornaram populares. A intervenção promove, desta forma, a preservação da vegetação original.


Com o corte das acácias, a arquiteta Cláudia Schwarzer, contou ainda ao «barlavento» que foram encontradas diversas linhas de oliveiras, alfarrobeiras nalgumas zonas do resort. «Estavam escondidas pelas acácias», disse.


A paisagem a sul do resort, numa zona de falésia e de Reserva Ecológica Nacional, foi uma imagem guia para a intervenção, que continuará a ser desenvolvida neste empreendimento de Albufeira.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Fernando Noronha

m.
fernando-de-noronha
Fernando de Noronha pelas lentes de Grazielle Rodrigues 

A revista Passaporte, de distribuição gratuita, na sua edição de maio/junho, dá destaque a Fernando de Noronha, publicando um artigo O que é emblemático em Fernando de Noronha, da historiadora da ilha, Marieta Borges Lins e Silva. As fotos são da historiadora Grazielle Rodrigues. Temos ainda uma entrevista com o ex-Administrador Sérgio Salles. No próximo número do informativo, outro artigo será veiculado: Desvende os mistérios históricos do arquipélago, também de Marieta Borges. A publicação é de bolso e tem, como diretora de redação a jornalista Camilla Krause Guidotti.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Saint Tropez - França


O Vieux Port
Saint Tropez cresceu à volta do porto, o charmoso “Vieux Port”, como é conhecido, onde todos se passeiam, com os seus cãezinhos pela trela, a mostrar o guarda-roupa e a admirar os extraordinários barcos aí ancorados. Aqui se encontram as melhores esplanadas, aqui todos se cruzam, estrelas e rostos desconhecidos, aqui se juntam os pintores à beira do cais a fixar clichés da vida quotidiana tropézienne.
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Aluguer de scooters
Em Saint Tropez existem três opções de transporte: ou tem um Bentley cabrio, ou passeia a pé, ou, se quiser sentir-se um verdadeiro local, aluga uma scooter. Achamos que esta última é das melhores opções, principalmente se a sua visita for em pleno Verão, altura das filas intermináveis. Vai agradecer a ideia quando lhe apetecer dar um salto à praia para um mergulho de fim de tarde.
Location 2 Roues Mas – Rue Quarante, 3 (em frente ao parque de estacionamento da Place des Lices). Aberto de Abril a Outubro, tel. +33 494 97 00 60, www.location-mas.com
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L’Escale, Quai Joseph e Grand Joseph
A manhã começa com uma descida ao “Vieux Port”, talvez para um pequeno-almoço ou, se não for o caso, para um café na esplanada do “Petit” Joseph, como é familiarmente conhecido. Joseph não é senão o nome do proprietário, que actualmente conta com ajuda da filha Pétrie e com a adição de um novo restaurante, o L’Escale, uma das esplanadas obrigatórias no Verão. A decoração, contemporânea mas descontraída, com cadeiras estofadas a linho e areia branca no chão atrai a clientela mais chique. O menu é perfeito para um almoço de Verão e vai mudando ao sabor do mercado. À noite, para jantar, sobe-se em dois passos a rua transversal ao porto até à da Place de l’Hotel de Ville, onde fica o Grand Joseph.
L’Escale (peixes e mariscos) e Le Quai Joseph (cafés, almoços, sushi e cocktail bar) – Quai Jean Jaures, 9, tel. 04 94 97 00 63
Le Grand Joseph (cozinha francesa e especialidades asiáticas) – Place de l’Hôtel de Ville, 1, tel. 04 94 97 01 66 Abertos durante todo o ano. Preço médio por refeição (sem bebidas): €50
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Os rosés
Saint Tropez faz parte da região demarcada das Côtes de Provence e aos pés da vila de Ramatuelle produzem-se alguns dos mais afamados rosés da região. No Domaine Bertaud-Belieu, uma quinta esplêndida cuja história atribulada remonta aos tempos do imperador romano Júlio César, fazem-se provas na cave de degustação construída propositadamente para o efeito e ensina-se, aos mais curiosos, um pouco da arte do vinho e da vinha. O rosé da cuvée Prestige Bertaud- -Belieu é um must.
Domaine Bertaud-Belieu – Route de Ramatuelle Presqu’ile de Saint-Tropez, tel. 04 94 56 16 83, www.bertaud-belieu.com
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Club 55
Deve o seu nome ao ano em que os então desconhecidos Roger Vadim e Brigitte Bardot chegaram às dunas selvagens de Pampelonne. A clientela, sempre muito elegante, é feita de casais já de alguma idade, outros mais jovens e com filhos, estrelas do cinema francês, empresários do Médio Oriente, russos e caras famosas. No parque de estacionamento desfilam últimos modelos de quatro rodas que os valets prontamente recebem. Na praia podem alugar-se colchões, sombras, tomar um refresco no barzinho de madeira junto ao mar, fazer algumas compras na pequena boutique e, à hora de almoço, subir, se tiver feito reserva, até ao concorrido restaurante.
Club 55 – Plage de Pampelonne, tel. 049 455 55 55, www.leclub55.com
Aberto diariamente das 9h00 às 19h00, a partir de 15 de Março.
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Les Caves du Roi
É passagem obrigatória nas noites de Saint Tropez. A entrada é seleccionada e sapatos de ténis e trajes mais descontraídos não são admitidos nesta discoteca frequentada por modelos internacionais, actores americanos, multimilionários e aristocratas. A decoração mantém-se ao estilo anos 70, não tendo sofrido grandes alterações desde a abertura. As mesas reservam-se e as mais cobiçadas são junto à pista. Nas noites mais animadas de Verão a música é frequentemente interrompida pelo tema do Superman, que faz parte da encenação da casa a anunciar as magnum de champanhe Crystal, abertas a um ritmo um pouco estranho para o seu custo exorbitante.
Les Caves du Roi – Hotel Byblos, Avenue Paul Signac, www.byblos.com
07
Jogo de petanca
Todas as tardes terminam na Place des Lices. A partir das 17 horas é a altura de saborear o tradicional pastis (uma espécie de licor de anis) enquanto observa, à sombra dos plátanos centenários, os locais, novos e velhos, homens e mulheres, a disputarem os seus renhidos jeux de boules mesmo em frente às esplanadas. Quem sabe não aprende as regras e ganha curiosidade suficiente para experimentar? No Le Café (ex-Café des Arts) pode inclusive requisitar um jogo de bolas e ensaiar, evitando o faire fanny, ou seja, perder o jogo sem marcar um único ponto...
Le Café – Place des Lices
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Villa Marie
Dos mesmos proprietários da Les Fermes de Marie de Courchevel, a Villa Marie é a versão praia do famoso chalet situado na chique estância de esqui. Construído num pinhal de três hectares na colina de Ramatuelle, e com uma vista imensa sobre a baía de Pampelonne, é, na sua cor ocre, a encarnação do charme mediterrânico e a melhor opção para quem procura um local afastado da agitação veraneante da vila. São 42 quartos, cada um com o seu toque particular, mas todos decorados em repousantes e harmoniosos tons pastel. O hotel possui ainda um restaurante de requintado menu a condizer com a decoração e spa, para uso exclusivo dos seus hóspedes, onde todos os cuidados e tratamentos são feitos com produtos Fermes de Marie Beauty (de formulação à base de ervas das montanhas dos Alpes).
Villa Marie – Route des Plages, Chemin Val de Rian, Ramatuelle, tel. +33 494 97 40 22, www.villamarie.fr
Diárias a partir de €450 (na estação baixa e não inclui pequeno-almoço).
Aberto de 12 de Maio a 11 de Outubro.
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Hotel Byblos
Uma instituição, é o mais antigo hotel de Saint Tropez e um dos “celebrity spots” da vila. Tem 95 quartos e parece uma pequenina vila mediterrânica dentro de Saint Tropez. Tem piscina, health club, dois restaurantes – um deles é o Spoon do estrelado Ducasse – e a mencionada discoteca Les Caves du Roi.
Hotel Byblos – Av. Paul-Signac, tel. +33 494 65 68 00, www.byblos.com
Quarto duplo a partir de €410 (na estação baixa, não incluindo pequeno-almoço).
Aberto de 17 de Abril a 12 de Novembro.
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KJacques
As famosas sandálias de pele. Já as encontra em Lisboa, e um pouco por todo o mundo à conta do empenho dos seus descendentes, mas não há nada como entrar no velho atelier onde Jacques Kéklikian iniciou, em 1933, o seu fabrico artesanal. São intemporais e a colecção vai aumentado de ano para ano, além de serem do mais chique para passear pelas ruas empedradas de St. Tropez. “Porphyre” é o nosso modelo de eleição, e custa cerca de €150.
KJacques – Rue Allard, 25, tel. 049 54 83 63, www.kjacques.com
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Hotel Pastis
Fica na entrada da vila, de frente para o novo porto, e é a mais recente novidade hoteleira de Saint Tropez, imediatamente eleito como preferido entre a clientela mais trendy. O tom da decoração é eclético e pessoal, feito de peças coleccionadas pelos proprietários. Os quartos nas traseiras são os nossos favoritos, com vista para a piscina e para a casa-mãe original.
Hotel Pastis – Av. Général Leclerc, 61, tel. + 33 498 12 56 50, www.pastis-st-tropez.com
Quarto duplo a partir de €200 (estação baixa, não inclui pequeno-almoço). Aberto todo o ano.
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Pearl Beach
Dos mesmos donos do KWest, um dos clubes na praia de Pampelonne, o Pearl Beach é um restaurante e bar lounge de decoração asiática e vista aberta para a baía. Fica na entrada de Saint Tropez, do lado do mar. Além da grande sala de vidraças amplas, tem um jardim de palmeiras e cactos com camas balinesas, onde também se servem refeições, e uma praia privativa.
Pearl Beach – Quartier de la Bouillabaisse, tel. 049 812 70 70, www.thepearlbeach.com
Aberto de 15 de Fevereiro a 15 de Novembro
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Piscina do Hotel Le Beauvallon
É simplesmente a melhor piscina de Saint Tropez e arredores... Com as suas tendas de lona parece saída de um clássico de Hollywood, tem 25 metros, água aquecida e fica no Hotel Le Beauvallon, à saída da vila, em direcção a Sainte Maxime. Tem também um restaurante e beach club com a melhor exposição solar do golfo, e uma magnífica vista. Como curiosidade, saiba que na vizinhança moram Vanessa Paradis e Johnny Depp.
Hotel Le Beauvallon – Boulevard des Collines, Beauvallon-Grimaud, Sainte-Maxime, tel. +33 494 55 78 88, www.lebeauvallon.com
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Shopping
Como não poderia deixar de ser, este é o paraíso das compras para quem perde a cabeça com marcas de luxo. Sucedem-se, embora discretas, as boutiques das griffes mais conhecidas e nomes como Hermés, Dior ou Chanel são apenas um exemplo. Não são necessárias indicações de moradas para as encontrar, pois a descoberta faz-se num simples e agradável passeio, que não levará mais de meia hora. De qualquer forma, podemos adiantar que as ruas mais perto da Place des Lices têm a maior concentração de lojas...
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Ramatuelle
É a vilazinha charmosa e pitoresca que se vê no alto da baía e serve de fuga ao frenesim de Saint Tropez. A arquitectura, perfeitamente preservada, vem de tempos medievais, o que lhe dá o forte carácter e fotogenia. Para tornar tudo ainda mais autêntico, todas as sextas-feiras e domingos, na Place de l’Ormeau, há um mercado provençal cheio de tapenades, queijinhos e outras delícias do terroir. Depois, é preciso não esquecer que, em Agosto, Ramatuelle é palco de um já conhecido festival de jazz, este ano na sua 23.ª edição.
Turismo de Ramatuellewww.ramatuelle-tourisme.com
Festival de Jazzwww.jazzfestivalramatuelle.com
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Cestos de palha
O panier é o cesto de palha que se vê na mão de todos quando passeamos pelas ruelas de Saint Tropez. Serve para ir às compras e para ir à praia, ou para o que apetecer...
Le Ribier & L’Aubier – R. Clémenceau, 36, e na Place Celli, tel. 04 949710 88
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A praia
Existem algumas opções a leste da cidade, mas a ida à praia faz-se em Pampelonne, que fica a seis quilómetros na direcção de Ramatuelle e na elucidativamente chamada Route des Plages. Apesar de algumas das praias ao longo da baía de Ramatuelle serem públicas, as que merecem realmente a pena cobram uma entrada, o lugar no parque de estacionamento, o aluguer de sombras, colchões e outras facilidades. São os clubes de praia, cada um com a sua personalidade.
Route des Plages – A maioria dos clubes de praia abre em final de Abril e fecha a 15 de Outubro.
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Mercado provençal
Se for terça-feira ou sábado, depois de já se ter rendido – como um(a) verdadeiro(a) tropeziano – ao cesto de palha, é obrigatório passar pelo mercado provençal da Place des Lices, essa praça de múltiplas vidas ao longo do dia. Frutas, queijinhos de cabra com ervas, salsichões, pães rústicos de cereais ou mesmo antiguidades, panos de linho e outros produtos artesanais fazem-nos pensar por que razão é tão difícil encontrar coisas assim por terras lusas.
Place des Lices – Todas as terças-feiras e sábados até às 13 horas
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La Maison Blanche
Branco, como o seu nome deixa adivinhar, é um pequeno e charmoso hotel, de nove quartos, em plena Place des Lices e a poucos passos do Quai Suffren, o velho porto. É uma das escolhas favoritas das revistas de decoração pelo seu minimalismo romântico, e tem, a condizer com o seu tamanho, um bar de champanhe no jardim, que abre todos os finais de tarde de Março a Setembro. O quarto número 7, na mansarda, é um dos nossos eleitos pelo singular aproveitamento do espaço e pela vista que oferece.
Hotel La Maison Blanche – Place des Lices, tel. +33 494 97 52 66, www.hotellamaisonblanche.com
Diárias a partir de €200 (na estação baixa e não inclui pequeno-almoço).
Aberto durante todo o ano, excepto nas férias da neve.
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Tarte tropézienne
É para Saint Tropez o que o pastel de nata é para Lisboa. Várias pastelarias disputam um lugar no pódio, mas a mais famosa é a La Tarte Tropézienne, confeitaria que também serve almoços e que tem filiais abertas um pouco por todo o golfo (de Saint-Raphaël a Grimaud). É da sua responsabilidade a receita original, que, como tudo um pouco nesta vila, tem uma história ligada a Brigitte Bardot... Alexandre Micka era um pasteleiro de origem polaca com um pequeno estabelecimento na Place da Marie, quando, em 1955, chega a Ramatuelle Brigitte Bardot. Ora, é Micka quem se encarrega de preparar as refeições diárias da equipa, servindo um bolo sem nome, de receita familiar, que acaba baptizado por BB como “tarte tropézienne”!
La Tarte Tropézienne – Bd Louis-Blanc, 9 ou Rue Georges Clemenceau, 36 (entre outros locais) Traiteur La Tarte Tropézienne na Place des Lices, www.tarte-tropezienne.com
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Ruas, travessas e ruelas
Saint Tropez é assim mesmo, uma vila charmosa, de pequenas ruelas e travessas, de casas ocres e portadas de madeira, onde a cada canto e a cada porta se põem uma mesa e duas cadeiras e se aproveita o sol e a vida.
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Sénéquier
Mais uma instituição. Aberta desde 1887, é a brasserie e o salão de chá de Saint Tropez, sendo a sua esplanada paragem obrigatória no final do dia. Por aqui passaram Colette, Boris Vian e Miles Davis, entre muitos outros nomes conhecidos das artes. Foi inteiramente renovada este ano pelo novo virtuoso do design de interiores francês, MR X. É de experimentar e encomendar, na confeitaria das traseiras, os nougats, as marrons glacés e os frutos cristalizados que se podem trazer para casa em caixinhas de metal iguais às originais.
Sénéquier – Quai Jean Jaurès, tel. 04 94972020, www.senequier.com
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Ouriços
Nas traseiras do mercado do peixe, num cantinho mesmo ao lado da confeitaria do Sénéquier, fica uma pequena esplanada que é das melhores escolhas para um aperitivo antes do jantar. Faça como nós e peça um copo de rosé e uma travessa de ouriços (ou ostras) acabados de abrir.
Place aux Herbes
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Vista da Cidadela
Subindo pelas travessas e ruelas da vila chega-se à colina onde cresce a Cidadela de Saint Tropez, construída no século XVI e que hoje alberga o Museu Naval, servindo de palco a eventos culturais durante o Verão. A vista é panorâmica e daqui parte o “sentier littoral”, o caminho ao longo da costa que contorna toda a baía.
Rue de la Citadelle – Aberta todos os dias das 10h00 às 17h30 (Verão) e das 10h00 às 16h30 (Inverno).
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Café de Paris e o Bar do Hotel Sube
É praticamente impossível fugir a um regresso ao velho porto quando o dia acaba. Entre as esplanadas, a do Café de Paris é o lugar de eleição para ver e ser visto – lá dentro a decoração é sofisticada, com os seus sofás de veludo encarnado e espelhos de moldura dourada. À noite sobe-se ao primeiro andar do Hotel Sube para tomar um aperitivo na varanda do bar. Jovens e famosos misturam-se nesta que é uma das paragens mais trendy do cais.
Café de Paris – Port de Saint Tropez, tel. +33 494 97 00 56
Hotel Sube – Quai Suffren, 15. No Verão, aberto até às 4h00; no Inverno, até à 1h00.
Agradecemos a colaboração da Maison de la France na realização desta reportagem Rotas e Destinos

Hotelaria: Brasil com nova classificação

O Brasil aprovou um novo modelo de classificação hoteleira, passando a seguir o modelo mundial de referência para serviços turísticos, com as estrelas como símbolo para indicar a categoria dos empreendimentos hoteleiros.
De acordo com a portaria agora vigente, passam a existir sete tipos de denominação: hotel, resort, hotel-fazenda, cama e café, hotel histórico, pousada e flat/apart hotel, com classificação de uma a cinco estrelas.

OT

Turismo do Douro e National Geographic em parceria para internacionalização


A Turismo do Douro quer colocar a região no mapa da Rede Internacional de Destinos Geoturismo da National Geographic Society, com o objectivo de fomentar boas práticas de turismo sustentável e contribuir para a internacionalização do destino. A parceria com a National Geographic será assinada até ao final do ano, altura em que se assinala uma década da elevação do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial da UNESCO.
A entidade de turismo vai ainda alargar a rede de apoio ao visitante, com três novos Centros de Informação Turística (CIT), em Lamego, Penedo e Torre de Moncorvo.
Considerados projectos prioritários no Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro, para o período 2007-2013 estas iniciativas pretendem afirmar a região como destino de excelência turística e de vocação internacional.
Serão também implementados três novos centros da Rede de Informação Turística na região, que ligará 14 postos através de uma plataforma comum coordenada pela Entidade Regional Turismo do Douro e em parceria com os municípios.
Com um novo layout moderno que imita graficamente os socalcos do Douro, os CIT vêm actualizar a tecnologia e oferecer mais e melhores conteúdos, modernizando o serviço: estará disponível toda a informação sobre os locais a não perder, paisagem, história, cultura, sugestões de roteiro e agenda.
Os contratos de financiamento destes projectos foram assinados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) e pela Turismo do Douro no dia 27 de Maio, no quadro do “ON.2 - O Novo Norte” (Programa Operacional Regional do Norte). Para o desenvolvimento da parceria com a National Geographic haverá 120 mil euros. Os três novos CIT contam com um investimento de 600 mil euros, de um total de quase quatro milhões que serão investidos na criação da rede, com o apoio do ON.2. 
OT

Convento S. Paulo transforma-se em Hotel Rural 4 estrelas

Apostado na valorização da sua singularidade, o Convento de São Paulo investe numa nova forma de posicionamento perante a sua localização. Assim, o Hotel reclassificou-se passando a integrar a categoria de Hotel Rural de 4 Estrelas.
Oferecendo uma vasta oferta de programas de acompanhamento de actividades agrícolas, assim como dois percursos pedestres - BTT está agora a desenvolver uma série de novos produtos que permitam aos nossos hóspedes uma experiência rural.
A preservação da sua arquitectura e a colecção de azulejaria impõe agora uma nova forma de utilização deste espaço com características museológicas. As antigas celas dos monges, os seus corredores e fontanários constituem um autêntico museu vivo. Estes espaços apenas serão disponibilizados excepcionalmente, proporcionando aos hóspedes a oportunidade de não só visitar o museu como poder ainda usufruir desta experiência única.
Com a nova categoria, o Hotel-Museu tem agora visitas guiadas a realizar à sexta-feira e sábados às 15h00.
Na sua vertente cultural, o Espaço Arcana e a Fundação Henrique Leote, além das suas várias valências, continuam a apoiar os artistas contemporâneos através das suas exposições e bailados. 
OT

Lisboa tem a maior Exposição Fotográfica do Mundo

A sala de exposições do Padrão de Descobrimentos exibe até 30 de Junho a exposição “Um Oceano de Vida”, trabalho sobre os Oceanos com fotografias sub-aquáticas da autoria de Emanuel Gonçalves, professor no ISPA.
A mostra insere-se na II Edição da Lisboa – A Maior Exposição Fotográfica do Mundo e está aberta ao público de segunda a domingo das 10h00 às 19h00.

Congresso APAVT’11 em Fortaleza



Mais de uma década depois, a APAVT volta a realizar mais uma edição do seu congresso em Fortaleza, no Brasil.
A edição deste ano realiza-se de 26 de Novembro a 1 de Dezembro.
No próximo dia 20 de Junho, a Secretaria de Turismo do Governo do Estado do Ceará e a direcção da APAVT apresentam na Embaixada do Brasil o tema e logótipo do XXXVII congresso nacional da associação.

Pousadas de Portugal com inaugurações adiadas



A abertura de duas Pousadas de Portugal, previstas para este ano e próximo, foram adiadas em um ano devido a atrasos de construção.
Prevista para inaugurar ainda este ano, a Pousada de Cascais, que ocupa uma antiga fortaleza, só estará aberta ao público a partir do próximo ano.
Por sua vez, a Pousada da Serra da Estrela, com 95 quartos e que deveria inaugurar no próximo ano, só deverá abrir portas em 2013.

Rota do Românico no Verão



Descobrir o Tâmega e Sousa num dos três roteiros românicos, é a proposta para o último sábado de Junho, Julho e Agosto.
O programa de 25 de junho inclui o Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, a Torre de Vilar, a Igreja de Santa Maria de Airães, a Igreja de São Mamede de Vila Verde e a Casa Museu do Pão-de-ló de Margaride, em Felgueiras. Para o segundo programa, a 30 de Julho, a rota convida a passar pela Igreja de São Gens de Boelhe, a Igreja do Salvador de Cabeça Santa, a Igreja de São Miguel de Entre-os-Rios e pelo Marmoiral de Sobrado, reservando para o final do dia, um passeio de barco à Ilha dos Amores, em Castelo de Paiva.
A última proposta, a 27 de Agosto contempla o Mosteiro de São Pedro de Ferreira, o Mosteiro de São Pedro de Cête, o Memorial da Ermida, o Museu Municipal de Penafiel, e uma prova de vinhos numa quinta da região.
O preço por pessoa, para cada uma das visitas, é de 45 euros, com 50 por cento de desconto para crianças até aos oito anos. O valor inclui transporte em autocarro, entradas nos monumentos, visitas guiadas com acompanhamento por um Técnico Interprete do Património da Rota do Românico, almoço e lanche regional e seguro de acidentes pessoais.
As reservas podem ser efectuadas através dos telefones 255 810 706 e 918 116 488 ou do correio eletrónico centralreservasrr@valsousa.pt.

Marbelha - Espanha

Associo Marbelha à minha mais tenra infância e às férias que então fazia, à semelhança de tantas outras famílias portuguesas que queriam mudar de ares sem ter de ir procurar muito longe. Depois, com o passar dos anos, perdi-lhe o rasto e os hábitos mudaram. Não devo ter sido o único.

Marbelha, que, na realidade, não é só a cidade, mas também todo um município que ocupa boa parte da costa mediterrânica da província andaluza de Málaga, foi lançada para a ribalta nas décadas de 1950 e 60 – conta-se que em boa parte se deveu a um tal príncipe Alfonso Hohenhole von Liechtenstein, que terá comprado aqui dez hectares à beira-mar, mais tarde transformados no Marbella Club, e os tornou porto de abrigo dos seus amigos influentes. No entanto, já se sabe, quem se molda aos caprichos dos ricos e famosos está sempre sujeito a, um belo dia, ser posto de parte para dar lugar a uma nova distracção.

Foi o que aconteceu durante a década de 1980, altura em que Marbelha não saiu das revistas do corazón espanholas nem perdeu os favores dos sheiks árabes, mas deixou de ser o destino-sensação do jet set internacional. O golpe foi duro e Marbelha demorou um certo tempo a perceber que novo rumo poderia tomar para não perder mais terreno. Foi então, já a partir da década de 1990, que tratou de sacudir a poeira, capitalizar ao máximo o que possuía de bom – como o clima, as praias, as marinas e a hospitalidade andaluza – e investiu a fundo num novo perfil de turista, que vem agora, e cada vez mais, pelas excelentes condições para a prática de golfe.



Inaugurado em Maio de 1970, com pompa e muita gente de circunstância, Puerto Banús depressa se tornou um dos portos mais concorridos do Mediterrâneo. Gloria, rua pitoresca do centro histórico de Marbelha; staff do Puro Oasis del Mar, em Estepona; praia da Fontanilla.

Fixado o novo mercado-alvo, mas sem nunca perder de vista que foi e quer continuar a ser uma estância de veraneio com pretensões a figurar nas colunas sociais, Marbelha tem vindo a expandir-se, nem sempre de forma muito airosa do ponto de vista do ordenamento urbanístico, e goza hoje de um elevado padrão de vida, o que faz dela a segunda cidade do mundo com maior registo de Rolls-Royce, por exemplo, e um lugar muito procurado por estrangeiros que, mais do que a elegerem como destino de férias, a escolhem para segunda residência durante boa parte do ano.

Marbelha virou-se para o futuro. Ainda assim, as novas avenidas, como a del Mar, que vai do centro à Playa de Vénus; os passeios públicos, como o renovado Maritimo, que ladeia a Playa de la Fontanilla; as artérias comerciais, como a Severo Ochoa ou a Ricardo Soriano, onde ficam as melhores lojas; ou até mesmo jardins como o de la Constitución, com um auditório no meio, por mais agradáveis que sejam, não têm como rivalizar com o casco antigo da cidade.

Com o seu epicentro na Plaza de los Naranjos, toda ela rodeada de edifícios nobres, mas tomada de assalto pelas esplanadas dos cafés e restaurantes que disputam a calçada e a sombra das laranjeiras, o núcleo histórico está praticamente reduzido a um dédalo de ruas pitorescas – sendo as mais fotogénicas a Carmen, com os vasos de sardinheiras presos nos muros caiados de branco, e a Gloria, sinuosa, que desemboca na pracinha da igreja da Nossa Senhora da Encarnação – e de algumas praças, como aquela onde fica o castelo e parte das antigas muralhas árabes que defendiam a cidade dos ataques inimigos. É aqui, e praticamente só aqui, que sentimos que da legítima herança andaluza nem tudo foi feito tábua rasa na Costa do Sol.

Mais do que apenas uma cidade, Marbelha é todo um município que ocupa boa parte da orla marítima da costa do sol

Marbelha possui também tradição na alta gastronomia, pelo que um punhado dos seus restaurantes exibe mesmo o selo de garantia da Michelin, como é o caso do Buenventura, com o qual me cruzei quase por acaso quando me passeava pelas imediações da Plaza de los Naranjos. A minha curiosidade maior, porém, era a de conhecer Dani García, o único com estatuto de chef estrela na cidade. Só que, na impossibilidade de degustar as experimentações do mago – seguidor confesso da gastronomia molecular, desta feita aplicada à cozinha andaluza –, por o seu Calima se encontrar em reforma na altura da minha passagem pela cidade (o restaurante reabre este mês), resolvi ir ao Messina.


O clima benfazejo de Marbelha permite que clubes de praia como o Oasis del Mar, já na estrada a caminho de Estepona, mantenham as suas portas abertas durante todo o ano, fazendo as delícias dos que chegam, em especial, do Norte da Europa. Uma marroquina, funcionária de Carolina Herrera, em Puerto Banús; sala do restaurante Messina

Situado numa avenida que vem na continuação da comercial Ramón y Cajal, o nome Messina remete-nos para uma comuna da Sicília, o que não é de estranhar se tivermos em conta que o seu chef executivo, Mauricio Giovanini, é de origem italiana. Mas não vá à espera de uma cantina ou algo do género. Aberto apenas ao jantar, o Messina é declaradamente contemporâneo na decoração e no cardápio, onde figuram combinações inusitadas como Atum em flan de cogumelos e gengibre à la plancha com gelado de coco ou ainda lasanha ibérica com maçã caramelizada.

Em Marbelha, sê romano
Há quem diga, e com razão, que, não obstante o grande número de hotéis existente no município de Marbelha, continuava a faltar aqui um hotel mais pequeno, de atmosfera intimista e atento às particularidades do seu centro histórico. O Claude (C/ San Francisco, 5, www.hotelclaudemarbella.com) levou cinco anos para abrir as suas portas, mas veio finalmente criar uma alternativa credível para os viajantes mais exigentes em matéria de design. O hotel está instalado numa casa senhorial do século XVII, outrora pertença do bon vivant e boémio Juan Berjano, graças ao empenho dos seus enteados Franz e Desiree Willmes. A conversão da casa em hotel-boutique esteve, por seu turno, a cargo de Maria Willmes, casada com Franz, e de Angel Gordon, um arquitecto de Barcelona. Houve o cuidado de manter a essência da casa, não alterando o seu pátio central, e de respeitar os materiais, mas porque estamos no século XXI e os hóspedes já não dispensam certos confortos hi-tech, cada uma das setes suites personalizadas – com nomes tão sugestivos como Francesca, Contemporanea, Savannah ou Provenza – disponibiliza plasmas e iPods. Com uma educação e formação multiculturais, os Willmes pretendem também fazer do Claude um local de convívio com espaço para música e teatro.

Assumo que, regra geral, a minha preferência vai para propostas como a anterior, só que a verdadeira hospitalidade, essa não a encontrei ali, mas sim no Villa Padierna. Desemboquei no Padierna já a noite tinha descido sobre Marbelha, pelo que não foi óbvio acertar à primeira no quilómetro 166 da estrada de Cádiz, a entrada para a urbanização Flamingos Golf. De dia fica tudo mais fácil e torna-se evidente que, por mais que alguns mamarrachos estejam a tomar de assalto as colinas que circundam o hotel e o seu belíssimo campo de golfe, o edifício rosado, inspirado numa vila toscana, resplandece entre os seus concorrentes.


Terra de oportunidades para muitos, Marbelha é a segunda cidade
do mundo com o maior número de Rolls-Royce

O estilo neoclássico da sua arquitectura e a profusão de pátios, cerâmicas, estátuas e bustos de mármore podem parecer uma colagem forçada à Antiguidade, mas não é assim tão despropositado se nos lembrarmos de que os romanos, muito antes dos árabes, passaram pela Andaluzia. Depois, o Villa Padierna, que integrou recentemente a cadeia Ritz-Carlton – o que fez com que, desde logo, disparasse o número de hóspedes norte-americanos –, é daqueles casos em que até o kitsch se pode tornar deliciosamente agradável à vista. Disso é exemplo o Thermae Spa, sem dúvida o mais impressionante de toda a Costa do Sol, com uma área de 200 metros quadrados e chancela da E’SPA, que só não nos faz sentir nos antigos banhos romanos – e para tal ajudam as estátuas de deuses e os corpos desenhados em proporções perfeitas nas paredes – porque tomara os romanos de antes terem as mordomias dos legionários estrangeiros de agora.

O campo de golfe do Rio Real, um dos mais antigos, é um dos muitos que fizeram de Marbelha um destino de eleição para a prática desta modalidade. Salão do Sentidos en Rio Real, a lembrar a atmosfera informal de uma moradia californiana; mesquita construída pelo rei da Arábia Saudita; quarto do Rio Real; e Puerto Banús

No Padierna cabem apenas 112 quartos, mais do que um restaurante, bar, salões, uma piscina em cascata e vários balcões e pérgolas debruçados sobre os greens e o lago. Foi com esta paisagem que me regalei, certa manhã, enquanto tomava o pequeno-almoço e ganhava coragem para cair de novo na estrada.

Na terra dos ricos e dos wannabe

Quem seguiu a série norte-americana The O. C., passada em Orange County, uma terra de meninos ricos e mimados na Califórnia, não se importará, espero, que eu me aproprie do seu título para introduzir Puerto Banús, a quem os íntimos, avessos a nomes compridos a menos que seja para fazer valer os pergaminhos e separar as águas, preferem chamar apenas de Puerto ou Banús.

A entrada faz-se por altura do quilómetro 175 da movimentada estrada de Cádiz, a meio caminho entre San Pedro de Alcántara e Marbelha. Entrincheirado entre a montanha e o mar, com vias rápidas pelo meio, que pouco ou nada devem à beleza, mas que facilitam os acessos, Puerto fez parte do plano inicial de expansão de Marbelha para oeste, pois a toda a volta de um dos mais importantes portos do Mediterrâneo – com um volume anual de visitantes estimado em cerca de 4,5 milhões – estão algumas das urbanizações mais milionárias e vigiadas de toda a Espanha.

Inaugurado em 1970 por Jose Banús, grande empresário da região conhecido como “o construtor do regime” por ser figura grata a Franco, Puerto deixou claro desde o princípio que vinha para acolher os muito ricos e famosos do planeta que, por essa altura, já tinham descoberto o salero e o clima benfazejo do Sul de Espanha. A prova disso foi a festa de abertura, realizada em Maio do mesmo ano, com convidados ilustres como Aga Khan, o realizador Roman Polanski, o playboy Hugh Hefner ou ainda o príncipe Rainier e a princesa Grace do Mónaco, entre as 1700 pessoas que marcaram presença, e a quem foram servidos, rezam os anais, 50 quilos de caviar Beluga, entre outras iguarias finas e muito champanhe legítimo, por um batalhão de 300 empregados de mesa vindos expressamente de Sevilha. A atracção da noite foi Julio Iglesias, um filho da terra, que terá recebido como cachet 125 mil pesetas, o que na época era (muito) dinheiro.

O cantor romântico é, aliás, nome de avenida em Puerto e a sua estrela é logo das primeiras no Boulevar de las Estrellas, que ocupa um trecho da principal avenida, a Jose Banús, onde decorre, todos os sábados de manhã, um importante mercado de rua. Antonio Banderas, outro filho pródigo que empresta o nome a uma praça local, é mais um dos estrelados, a quem se juntará, em Agosto, a duquesa de Alba, a mulher com mais títulos de toda a Espanha.


O villa padierna, que integrou a cadeia Ritz-Carlton, recriou no seu spa
o esplendor das antigas termas romanas

Mas não é por aí. Sejamos sinceros, ninguém vem até Puerto Banús para ficar de olhos postos no chão; tão pouco para admirar o Rinoceronte vestido con puntillas, um mastodonte de três toneladas e meia criado por Salvador Dali em 1956 – na sequência do seu filme surrealista La Aventura Prodigiosa de la Encajera y el Rinoceronte. A verdadeira passarela da fama tem lugar nas ruas coladas à marina, onde, entre o cais 0 e o 8, se encontram atracados alguns dos iates mais potentes e caros do mundo – diz a propaganda que não há aqui nenhum modelo avaliado em menos de um milhão de euros –, entre eles o do próprio rei da Arábia Saudita.

Piscina, em cascata, do Villa Padierna; prato de salmão preparado pelo chef do hotel (também na foto); Plaza de los Naranjos, epicentro por excelência do casco antigo da cidade de Marbelha, ladeada por edifícios nobres como a Câmara ou a Casa do Corregedor. Uma das muitas possibilidades que o Thermae Spa oferece

Com uma extensão total de 15 hectares, e com capacidade para 915 embarcações que possuam entre oito e 50 metros de comprimento, esta marina impressiona qualquer um. E não é só pelos iates. Mesmos os que não vibram com cilindradas e cavalos, como é o meu caso, não têm como ficar indiferentes ao desfile constante, a qualquer hora do dia ou da noite, de modelos Ferrari, Bentley, Lamborghini, Porsche ou Aston Martin – a propósito destes últimos, dizem as más-línguas que fazem agora a predilecção dos novos-ricos, deixando os Ferrari para o “dinheiro velho”.

Mas também aqui, como no resto da vida, nem tudo o que luz é ouro. Muitos dos mirones que posam junto aos bólides estacionados nem prestam atenção às matrículas, porque se o fizessem iam, por certo, reparar que muitos desses carros vêm de stands de aluguer... Seja como for, e por mais que as grandes fortunas e os realmente famosos procurem o recato de clubes e propriedades de acesso restrito, aqui não se contam tostões. E se topamosà légua os quem vêm apenas para “ver as montras, os barcos, os carros e, com alguma sorte, alguma celebridade”, o certo é que grande parte dos que estão de passagem – oriundos sobretudo da Grã-Bretanha, do Norte da Europa, do resto da Espanha e dos Emirados Árabes, com destaque para o Kuwait e a Arábia Saudita – vem disposta a gastar muito em pouco tempo.

Só isso justifica que as ruas do molhe acolham, à excepção de uma ou outra loja de fancaria, que mesmo assim deve facturar para se conseguir manter na área mais nobre, tudo o que é designer conhecido – Valentino foi um dos últimos a juntar-se a uma lista que já incluía Gucci, Fendi, Louis Vuitton, Jimmy Choo, Dolce & Gabbana, Versace, Carolina Herrera, entre muitos outros de igual calibre. E o negócio parece não correr mal.

Da mesma forma que os clubes e lounges da moda são avidamente disputados nas noites de Verão, que se arrastam até à alvorada de um novo dia, também as melhores mesas dos principais restaurantes, de preferência com boa vista para quem passa, não demoram muito a ficar cheias. E há de tudo, inclusive os que não são, mas gostariam de ser.

Os que vão em modas, mas nem por isso querem ou podem gastar todas as suas economias, na hora de fazer compras ou de comer um snack mais em conta, deixam as ruas do molhe e dirigem-se às imediações da Plaza Antonio Banderas, onde ficam a Mango ou a Zara, às lojas do Marina Banús Shopping Center ou até mesmo do armazém El Corte Inglés. Isto quando não vão mesmo aos outlets do Centro Plaza, um complexo comercial que fica já na urbanização vizinha de Nueva Andalucía, cheia de lagos e de moradias que pretendem recriar o estilo arquitectónico andaluz.

Oriente a ocidente
A fazer fé no que vem descrito nas brochuras turísticas, as melhores praias – ou pelo menos aquelas com um areal mais claro – encontram-se também nas imediações de Puerto Banús, com as de Nueva Andalucía, Puerto Banús e Nagüeles à cabeça. Ainda assim, para nós, portugueses, habituados que estamos às nossas praias do continente, dificilmente nos vamos render a alguma que se encontre ao longo dos 28 quilómetros de costa do município de Marbelha por outras razões que não sejam o mar temperado e a boa infra-estrutura.

Mas se é realmente isso que está em causa – ao que, já agora, não custa somar atractivos extra como badalação e gente bonita a rodos –, então mais vale logo ir directo à praia El Padrón, de extenso areal escuro, a oeste de Marbelha, já a escassos dois quilómetros de Estepona. É sobre esta praia, por altura do quilómetro 159, que fica o Puro Beach Oasis del Mar.

Quem chega aqui desavisado pode sentir-se ligeiramente baralhado ao vislumbrar da estrada um complexo, mesmo ao lado do hotel Kempinski, que lembra mais Bali do que a Andaluzia. Deixe estar que lá dentro – força de expressão, se tivermos em conta que a maioria do espaço é de arquitectura aberta –, a impressão inicial não só se confirma como vai sentir-se imbuído de outras influências, desta vez vindas do Norte de África – há quem jure a pés juntos que, nos dias mais cristalinos, dá para avistar daqui os rochedos de Gibraltar e até os Atlas marroquinos! Na dúvida, e sem ter como comprovar, vou acreditar na palavra dada.



Os sheiks, em especial da Arábia Saudita e do Kuwait, Têm resistido a modas e estão entre os principais investidores

O alto padrão de vida que se goza em Marbelha tem permitdo que os restaurantes dali se possam dar ao luxo de se fazer cobrar pelos seus serviços. O Fusion, sem estrelas Michelin, mas com estilo e boa comida, em Las Chapas, faz sucesso. Já Puerto Banús, além de iates, lojas de marca e bólides, possui um quinhão muito considerável de restaurantes, clubes e esplanadas

É óbvio que o Puro surgiu como uma resposta, e também como uma alternativa mais duradoura, ao Nikki Beach, que só funciona sazonalmente uns quilómetros à frente, mais a leste, na praia do hotel Don Carlos. Mas não deixa de ter um conceito interessante, pelo que vale a pena contar aqui um pouco da sua história. A aventura começou em 2004, com a abertura do hotel Puro Oasis Urbano, em Maiorca, a que se seguiu um clube de praia, também na ilha. Em Junho de 2006 foi a vez de Estepona, mais precisamente a nova urbanização de Laguna Village, receber o segundo – e, até à data, último – clube de praia com a marca Puro, desta feita sem estar associado a um hotel. A festa de inauguração não desiludiu e deu direito a músicos, encantadores de serpentes, dromedários e muito jet set.

Mas o que leva um clube deste género, onde se cobra pelo aluguer de uma simples cama de dia cerca de €20 e uma simples refeição não sai por menos de €25 por pessoa, a vingar e a tornar-se moda? É aqui que entra a visão, bem sucedida por sinal, do empresário sueco Mats Wahlström, que, com a ajuda da designer Gabrielle Jangeby, se tornou um especialista a explorar um nicho de mercado ávido de um conceito de boa vida, que reúne no mesmo espaço restauração, lounge, bar, praia, piscina, ioga e spa. Certo que se pode acusar estes clubes de funcionarem como penínsulas ilhadas da realidade, mas é esse mesmo o objectivo e eles não têm vergonha de o assumir. Quem chega aqui vem claramente à procura de um ambiente relaxado durante o dia, com um toque de espiritualidade asiática, e vibrante à noite, à imagem de Miami, mas sempre com uma frequência seleccionada e, de preferência, bonita.

No caso deste Oasis del Mar, onde tudo, a começar nas fardas dos próprios empregados, está mergulhado num branco intenso com alguns apontamentos de bege, castanho e dourado, foi claro o propósito de decalcar o que se faz em Bali e na Polinésia francesa a nível da arquitectura de exteriores, mas as mesas baixas, as almofadas, os poufs e as tendas que cobrem boa parte da área do recinto remetem-nos mais para a onda hippie-chic que se vive em Marraquexe; sem esquecer alguns apontamentos de design contemporâneo, que ficam sempre bem, por conta das cinco luminárias da Flos penduradas no bar ou do enorme lustre de resina vindo das Filipinas.

A música é outra constante, que se torna mais intensa, claro está, à noite, pois os DJs são parte integrante do que se pretende oferecer aqui. A comida, leve, fresca e um nada exótica nas suas combinações, está talvez sobrevalorizada, mas não causa nenhum amargo de boca. E não causa porque, goste-se ou não, mesmo quem é habitualmente do contra vai ter dificuldade em encontrar argumentos para não sorrir, como me aconteceu a mim no início de Abril, ao dar-se ao luxo de almoçar numa sombra fresca, rodeado de gente que combinava relógios Patek Philippe no pulso com chinelas havaianas nos pés, protegido do Sol, que por aquela altura já bronzeava os corpos expostos em redor da piscina. Afinal, um pouco de frivolidade nunca fez mal a ninguém.

A outra banda
A costa de Marbelha não escapou à habitual divisão entre a zona bem e a zona menos bem, mas se até agora nesta reportagem só lhe falei praticamente no que se estende a oeste da cidade, tal não se deve a nenhuma embirração pessoal – como ainda acontece com os espíritos mais conservadores da região, que torcem o nariz ao dinheiro novo e aos emergentes da banda leste.

Muito pelo contrário. Aliás, à falta de outras provas, teria sempre como exemplo o caso do Sentidos en Rio Real, o pioneiro quando se trata de falar de hotéis-boutique realmente dignos dessa designação por estes lados. Uma das coisas que mais me intrigou logo à chegada foi a galeria de fotos a preto e branco que adorna – de forma sóbria, como se quer num hotel com pretensões ao nível do design – as paredes dos corredores onde se encontram distribuídos os vários quartos. Nelas se podem ver várias figuras do jet set internacional nos anos dourados de Marbelha, pelo que julguei tratar-se de um acervo comprado para fazer um contraponto interessante entre o antes e o agora. Qual não foi o meu espanto quando, em conversa com o staff do hotel – bastante simpático e prestável, o que só lhes fica bem –, vim a descobrir que as fotos foram cedidas pela mãe de um dos proprietários do resort, o conde de Quintanilla, tida ainda hoje como uma das mais generosas anfitriãs da época em que figuras coroadas e celebridades se deslocavam até aqui, de propósito se fosse preciso, para vir prestigiar uma festa de arromba.

Situado na tranquila urbanização Rio Real, numa saída a escassos três quilómetros do centro de Marbelha, o hotel foi buscar o seu nome a um dos mais concorridos campos de golfe de toda a Costa do Sol, que se estende até ao Mediterrâneo. Mas se é um facto que boa parte dos seus hóspedes vem pelo golfe, certo também é que as vistas para a Sierra Blanca, a serenidade do pequeno spa, os passeios no iate Rio Real III, o restaurante agradável ou até mesmo a piscina rodeada de limoeiros envasados, todos eles distribuídos sem atropelos na arquitectura horizontal e arejada de Javier Arena, são, por si só, factores a ter em conta.



O Jet Set internacional  já não vem com tanta frequência, mas marbelha ganhou um lugar cativo na imprensa cor-de-rosa

Os turistas não escolhem Marbelha pela sua história, mas, ainda assim, não deixam de se encantar com o dédalo de ruas castiças e tipicamente andaluzas que escaparam à razia feita no perímetro mais urbano da cidade. Seja como for, o que marca realmente pontos com os estrangeiros  é a possibilidade de ter sol todo o ano, factor que espaços como o Puro sabem capitalizar

De qualquer forma, tenho plena consciência – como os seus proprietários tiveram com toda a certeza – de que não é isso que marca a sua diferença, pois muitos hotéis da região oferecem o mesmo até com vantagens comparativas. Os que escolhem este hotel em detrimento de outros fazem-no, sobretudo, porque não apreciam ou se cansaram dos ambientes clássicos e pesados e elegem a decoração de Pascua Ortega, que tentou recriar nas áreas comuns o ambiente informal das grandes moradias californianas, cheias de luz, de plantas e sem medo de misturar vários estilos. Confesso, no entanto, que preferi os quartos – e são apenas 29, divididos por quatro categorias, com natural destaque para as Eagle Suites e a topo de gama Albatros Suite –, espaçosos, alegres, funcionais e bem equipados com Internet sem fios de graça e até um sistema de som que permite trazer de casa o seu iPod para lhe dar música enquanto, por exemplo, experimenta a banheira de hidromassagem (apenas disponível nas suites) junto à janela.

Duas saídas depois do Rio Real, na direcção de Málaga, encontrei um outro caso de sucesso digno de registo a leste de Marbelha. Situado à entrada da urbanização Las Chapas, o Fusion encontra-se aberto seis dias da semana, entre o pequeno-almoço e o fora de horas. É um espaço moderno, com cerca de dois anos e meio, que faz as vezes de restaurante e de lounge. A cozinha está a cargo de Unai Auzmendi, jovem chef fascinado pelo que descobriu da gastronomia portuguesa durante uma curta passagem pelo nosso país.

O nome escolhido já dá uma pista, por isso não espanta começar a percorrer a carta e ver que esta se divide em sopas, wraps, sanduíches, woks, noodles, pastas e pratos que passeiam pelas tendências da cozinha moderna europeia, da cozinha francesa e da cozinha asiática. Tudo isto a preços médios e com a certeza de que a este, como a oeste, Marbelha não parou no tempo e mostra-se disposta a não perder o lugar ao sol que conquistou.


Rotas e Destinos