domingo, 23 de outubro de 2011

10 Lugares Especiais, no mundo!

1 - Rocas Baimbridgen - Galapagos - Equador

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Este lugar incrível fica no Equador e pertence ao arquipélago de Galápagos.

Esta inacreditável lagoade águas rasas no meio do maré uma praça de alimentação para milhões de flamingos.

2 - Cratera Nyiragongo - África


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Trata-se do maior  lago de lava do mundo.

3 - Navagio Beach - Grécia


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Trata-se de uma das praias mais bonitas do planeta.

Banhado pelo mar cristalino, esta praia fica na beira da
escarpa de um gigantesco rochedo. Como se a natureza
já não tornasse o lugar suficientemente especial, um navio
naufragado no meio da praia completa o visual de sonho.
Esta praia fica na ilha de  Zakynthos, e atrai milhares de turistas
ricos que chegam la a bordo de navios de cruzeiro, veleiros e
de lanchas milionárias.

4 - Havasu - Arizona Falls - EUA


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Tá aqui  um lugar tão espetacular quanto inacessível.

Para chegar nesta inacreditável cachoeira que fica no
meio do deserto do Arizona, só viajando de avião, de
carro e finalmente de cavalo. Há também um helicotero
que leva as pessoas até o lugar. Este lugar fica no
Havasupai Indian Reservation no Grand Canyon National Park.

5 - Mont Saint Michel - França


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Monte Saint Michel Mont Saint Michel Saint Michaels Mount 4 10

Um dos lugares mais interessantes da Terra é o Monte

San Michel que em certas horas é engolfado pela água e
revela o esplendor da construção. Ele fica numa cidade
medieval chamada Avranches. Lá está o mosteiro que dá
o nome ao lugar. Este mosteiro, fortificado no século XIII,
integra um conjunto com mais três cidades cujas fortificações
e desenvolvimento são notáveis: Aigues Mortes (1270-1276),
ponto de reunião dos Cruzados rumo à Terra Santa, Carcassone,
célebre por suas defesas, e Avignon, sede alternativa da Cristandade (1309-1377).
Estas cidades fortificadas, denominadas "bastides" marcavam a

fronteira dos reinos ao final da Idade Média, servindo como elementos de defesa e dando ao povo novas oportunidades sociais. Foram construídas mais de 300 só na França, entre os anos de 1220 e 1350.
6 - O vale da morte - Califórnia

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No vale da morte (um dos lugares mais secos da Terra)

se encontra o lugar chamado Playa Death Valley. Lá um
estranho fenômeno acontece. Durante anos o fenômeno
intrigou as pessoas. Era o mistério das pedras que andavam.
Trata-se de uma área aberta enorme, que contém algumas
pedras que ao longo de anos e anos deixaram um rastro marcado
no solo, como se elas estivessem andando. Os rastros fazem
curvas, mudam de direção e por vezes se  interpõe.O lugar é
definitivamente um dos mais estranhos.

7 - Pamukkale -Turquia


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Pamukkale 10 lugares Gumps

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Trata-se de um conjunto de piscinas termais que descem em

forma de cascata numa colina localizada no sítio Hierápolis-Pamukkale, considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO, naTurquia.
Pamukkale significa "castelo de algodão" em turco. Olhando parece ser frio, pela impressão de que seja neve, no entanto, a água contida nessas bacias é quente! A explicação científica para esse fenômeno é que os locais térmicos localizados abaixo do monte provocam o derrame de carbonato de cálcio, que solidifica na superfície, como se fosse um mármore.
O local é totalmente propício para banho e a paisagem éfenomenal!

O efeito da erosão pela água ao longo do tempo foi dando à colina formas variadas, moldando ela de formas incríveis e até mesmo bizarras, que continuam se transformando continuamente. Tanto a água como as "cascatas" mudam de cor de acordo com a luz solar, resultando num efeito espetacular! Sem duvida um dos lugares mais bonitos do mundo.

8 - Os degraus da Índia


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Conhecidos como Baoli Stepwell, são formações arquitetônicas

incomuns, encontradas no oeste da Índia e também no Paquistão.
Os degraus parecem infinitos, e isso foi feito assim porque de acordo com a época do ano, a quantidade de água nos reservatórios era variável. O visual do lugar confere uma aparência incrível, quase onírica.
9 - Gruta do Lago Azul - Bonito - Brasil
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A gruta do Lago Azul é um dos lugares mais bonitos do Brasil.

Tanto que fica num lugar chamado Bonito, em Mato Grosso do Sul. Aliás, o Brasil tem tantos lugares fantásticos que ficou impossível de escolher um só. Vou ter que fazer um post só de lugares Gumps no Brasil.
Mas dá só uma olhada que beleza de lugar que é esta gruta, onde a luz tinge de um azul que parece efeito especial mal feito de tão linda. De babar!

10 - Palau - Micronesia


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De longe, Palau é um dos mais belos e exóticos rincões do planeta.  

O mar cristalino,  as rochas cobertas de vegetação, tantas ilhas que
é impossível contar. Parece até 3d, mas é real.

domingo, 9 de outubro de 2011

Club Med Rio das Pedras


Estivemos este ano no Club Med Rio das Pedras, localizado em Mangaratiba. Só tenho uma coisa a dizer: adorei!

O hotel está no meio da Mata Atlântica, tem uma praia praticamente particular, muito conforto e muita diversão. Os G.O.s (Gentis Organizadores) fazem de tudo para que você se sinta o mais contente possível. Eles inventam brincadeiras, distraem as crianças e apresentam o show noturno.

Não falta o que fazer por lá. O hotel conta com muitas quadras de tênis, quadra de squash, piscina, jacuzzi, um riozinho onde dá pra fazer canoagem, academia, tiro com arco, quadra de futebol, volêi de praia e esqui aquático. Fora o mar, que é tranquilo e gostoso. Os quartos são ótimos, porém sem grandes atrativos, para que você não permaneça neles. Até porque há atrações o dia todo e à noite também.


Ah, e o fato de ser all inclusive contou muito para a minha avaliação.


Imagine: você está na piscina tomando um sol. De repente, pára um garçom do seu lado com um copo de chopp gelado e um potinho com amendoins. Você acha que é uma miragem, mas aceita de muito bom grado. Pouco depois bate uma fominha. Você levanta da sua espreguiçadeira e vai até a lanchonete (a 5 passos de distância). Olha a vitrine com sanduíches, vê um pão de queijo saindo, mas decide comer uma pizza. Calabresa ou margherita é a dúvida que te assola. A máquina de refrigerantes está ali ao lado, porém você não dá muita atenção a ela. Volta para a piscina e a garçonete pergunta: "aceita uma caipirinha?". Enquanto você esá pensando no sabor do seu drink, surgem G.O.s com um cordeiro inteiro no espeto. Sim, vai haver um churrasco na praia. Você almoça, sem muito apetite, afinal já beliscou tanto... O fato de ter sido montado um evento gastronômico do lado de fora não elimina o gigantesco bufê no restaurante. Se quiser, dá pra almoçar nos dois. Durante a tarde, petiscos no bar e guloseimas na lanchonete. Para jantar, você escolhe entre o restaurante à la carte e o bufê. No restaurante principal, há um problema. Fica muito difícil escolher entre as maravilhosas saladas, o churrasco, as massas, a inevitável pizza, os peixes, os pratos do chef e o bufê infantil. "Meu deus, o que vou comer hoje?" é um pensamento recorrente. Pra fechar a noite, curte-se uma baladinha no bar, que é transformado em boate, acompanhado por champagne, whisky, vodka com energético, caipiroska, chopp, coquetéis ou água mesmo. Fica a seu critério.

As crianças, então, nunca vi mais felizes. Lembra de quando você era pequeno e sonhava em só comer besteira? Lá, elas fazem isso. Vimos crianças comendo pizza e tomando sorvete no café da manhã, almoçando hambúrguer e batata frita e enchendo seus copos nas máquinas de refrigerante o dia inteiro. Dreams come true.

Agora imagine isso acontecendo todos os dias e, na hora de fechar a conta, não ter que ficar fazendo cálculos sobre quantas águas bebeu ou quantas sobremesas pediu? Como diria a propaganda, não tem preço!

Não sei falar sobre o valor das diárias reservando particularmente, porque compramos o cupom em um site de compras coletivas. No nosso caso foi barato. Mas, mesmo que tivesse sido o dobro do preço, estaria bem pago. Acredito que todo mundo deva passar alguns dias nessa vida boa para ver como é bom estar à toa.
 
Vida e Viagens

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Amazônia: a menina dos olhos do mundo

Por Afonso Capelas Jr.


Já foi dito que a Floresta Amazônica é um universo de vida tão vasto e influente que a própria vida na Terra está intimamente ligada a ela. Não é à toa, portanto, que nos últimos anos a maior extensão de floresta tropical do planeta se tornou palco de atenção e preocupação mundiais. Em tempos de mudanças climáticas, o território antes chamado de "pulmão do mundo" agora é visto como "o grande ar-condicionado", que ameniza o clima planetário enquanto os países desenvolvidos emitem toneladas de gases de efeito estufa. Isso porque a vegetação da Amazônia guarda um estoque inimaginável de carbono. Se liberado na atmosfera pelas queimadas e pelo desmatamento, o gás resultante desse elemento químico paradoxalmente essencial à vida - o dióxido de carbono (ou CO₂) - pode alterar de forma perigosa o clima da floresta e do planeta a níveis insuportáveis para todos os seres vivos.

O incremento da pecuária, nas últimas décadas, tem sido o principal fator de destruição da Amazônia Legal brasileira, que abrange os estados de Amazonas, Amapá, Acre, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, num total de 5 milhões de quilômetros quadrados. Em seu livro A Gestão da Amazônia - Ações Empresariais, Políticas Públicas, Estudos e Propostas, o ecomomista Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo (USP), revela que 70% do que já foi arrancado de floresta teve como causa a abertura de pastagens para a criação de gado. É um número assustador. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) - organização não governamental que faz o monitoramento via satélite do desmatamento em paralelo com dados oficiais do governo - tem em conta que foram derrubados, entre 1990 e 2006, nada menos que 253 mil quilômetros quadrados de mata nativa para a atividade pecuária. Apenas nesse período, a quantidade de reses aumentou de 26 milhões para 73 milhões na região.

Os resultados naturais desse desleixo já podem ser sentidos, sobretudo, nos fenômenos climáticos. "A seca de 2005 e as chuvas torrenciais que encharcaram a floresta e seus habitantes em 2009 podem, sim, ser atribuídas às consequências das mudanças climáticas causadas pela ação do homem", revela o climatologista Carlos Nobre. O cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) acredita que tais anomalias são um sinal nítido de que o clima na Terra não vai bem e ameaça a própria floresta. Em um ciclo vicioso, alerta ele, quanto menos vegetação, maior a chance de o clima se alterar.

O interesse pela Amazônia, entretanto, não está apenas na questão climática. Em um século no qual a escassez de água potável é um drama em muitos países e suscita até mesmo guerras entre nações, a região abriga a maior bacia hidrográfica do mundo. Seus cerca de 6,9 milhões de quilômetros quadrados - sendo 3,8 milhões em território brasileiro - têm como principal curso d’água o Amazonas, que nasce nos Andes e serpenteia continente adentro, alimentado por uma rede de afluentes, que inclui 25 mil quilômetros de rios navegáveis. Toda essa força hídrica seria capaz de responder por mais de 50% do potencial hidrelétrico do país. Apenas o rio Xingu, com seus 450 mil quilômetros quadrados, seria capaz de fornecer 22 mil megawatts de energia, segundo estimativas da Eletronorte.

O efeito colateral do bom uso das águas, todavia, são as alterações ambientais nas áreas onde as usinas hidrelétricas se instalam. Segundo o ecólogo José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Internacional de Ecologia, os reservatórios das barragens, quando mal projetados, podem gerar gases de efeito estufa, como o metano e o dióxido de carbono, por causa do apodrecimento de material orgânico da vegetação submersa. Hoje, a Amazônia conta com 18 hidrelétricas em funcionamento. Outras quatro usinas estão em construção, entre elas a de Belo Monte, no Pará. E cinco se encontram no papel.

Os rios amazônicos são habitados por 1,3 mil espécies conhecidas de peixes - caso do pirarucu, um gigante que pode chegar a 3 metros e atingir mais de 200 quilos. A floresta tropical é um enorme baú do tesouro da biodiversidade. Perto de 6% da flora e da fauna existentes nos cinco continentes estão concentradas ali. Sabe-se que esse banco genético - se bem estudado e administrado - será também o maná da humanidade para a medicina e a pesquisa de substâncias ativas que podem vir a ser utilizadas na fabricação de remédios e na produção, por exemplo, de biocombustíveis e biotecnologias.

A Amazônia, porém, não é só fauna e flora: é também a casa de milhões de seres humanos. São caboclos, índios, mestiços, além de uma legião de pessoas que saiu de várias partes do país (ou de outros países) para ganhar a vida na floresta. Na Amazônia Legal, formam uma população de 25 milhões de habitantes, 70% dos quais estão estabelecidos nos 775 municípios. Essa ocupação humana - que nem é tão densa em relação a outras regiões brasileiras - é grande geradora de problemas: pobreza, desemprego, falta de saneamento básico, doenças.

Nesse contexto desfavorável ao homem da Amazônia, os índios, habitantes originais, também lutam pela sobrevivência de suas etnias e culturas. Na Amazônia Legal, segundo estimativas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), vivem mais de 340 mil indígenas de 170 etnias em 409 reservas. O Xingu - a mais antiga área indígena protegida do país -, são cerca de 6,1 mil índios. O parque foi criado em abril de 1961 pelos sertanistas Cláudio, Leonardo e Orlando Villas Bôas, e tem 84 mil quilômetros quadrados demarcados - uma ilha de verde em meio ao avanço da agropecuária no norte do Mato Grosso. Ali, distribuídos nas regiões do médio, baixo e leste Xingu, vivem 16 povos, com variedade linguística e cultural. Ainda assim, a harmonia reina no parque, a ponto de haver, inclusive, casamentos e rituais entre as aldeias. Nos 50 anos de sua demarcação, comemorados neste ano, o Xingu continua sendo um exemplo de reserva indígena eficiente, embora muitos critiquem a "exagerada" extensão de terras reservadas a esses povos amazônicos. "Eles necessitam de grandes áreas porque sobrevivem delas, precisam caçar, pescar, plantar", indica a antropóloga Carmen Junqueira, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, que há mais de 40 anos visita os territórios indígenas da Amazônia.

A geógrafa Bertha Becker, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, estudiosa das questões amazônicas, acredita que não se pode fazer pesquisa nem fomentar o desenvolvimento sustentável sem incluir nesse pacote qualidade de vida para os habitantes. "As pessoas que moram lá vivem mal porque os recursos são sempre explorados de forma a mandar as riquezas para fora da área em que é produzida", diz Bertha, que aponta as poucas cadeias produtivas e geralmente incompletas como principal causa. "A agregação de valor acontece fora da região; não há nenhuma base econômica organizada, mas sim a destruição dos recursos naturais, sem trazer benefícios à população."

A Amazônia, contudo, não se limita a problemas. Se bem tratada, a maior floresta tropical do planeta guarda um amanhã promissor. O economista da USP Jacques Marcovitch prevê, em seu livro, que o futuro da humanidade pode estar no Norte do país: "Não há lugar no Brasil tão propício a experiências avançadas em biotecnologia ou procedimentos de integração e reencontro do homem com a natureza. A região oferece todas as precondições para a realização do sonho ambientalista". Marcovitch acredita ainda que unir o saber dos cientistas ao fazer dos empreendedores é um consenso dentro e fora da Amazônia. Para a geógrafa Bertha Becker, não pode haver desenvolvimento sustentável sem qualidade de vida para os moradores.
Esse futuro está bem mais próximo do que se imagina. A pressão mundial pela proteção da Amazônia tem trazido resultados animadores. O Brasil já possui o mais moderno e confiável sistema de monitoramento via satélite de desmatamento em todo o mundo e exporta esse conhecimento para vários países. Administrado pelo Imazon, o sistema gera informações sobre as alterações na floresta, que são divulgadas mês a mês. Assim, no mundo todo, sociedade civil, imprensa e governos podem ficar de olho no que acontece na região. Esse "big brother" de proporções amazônicas está dando resultado. A Polícia Federal e os órgãos fiscalizadores têm aumentado a vigilância e a punição contra os crimes ambientais, enquanto os índices de desmatamento vêm caindo nos últimos cinco anos.

A pesquisa e o desenvolvimento de projetos ambientais e manejos sustentáveis ganharam grande incremento na década passada. Cidades que dez anos atrás figuravam como as que mais devastavam a floresta com a ação de madeireiras clandestinas, falta de regularização fundiária e queimadas hoje são modelo de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável. O caso mais notável é Paragominas, no Pará, que passou de campeã do desmatamento a modelo de manejo florestal. Com base em exemplos como esse, muitos pesquisadores, nacionais e estrangeiros, creem que a salvação da floresta não é utopia, mas de realização palpável. Eles acreditam que cada vez mais o homem tem dado conta de que a Amazônia produtiva e geradora do desenvolvimento tropical é a Amazônia em pé.

Esta edição especial de NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL foca a realidade atual, os problemas e as perspectivas da Floresta Amazônica brasileira. É aquela que o poeta Thiago de Mello - ele mesmo nascido em Barreirinha, pequena cidade encravada na imensidão verde - chama de "a menina dos olhos do mundo".
 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Arraial do Cabo


A Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, já é bastante conhecida de quem mora no Rio e de quem vem de outros lugares do país. As cidades mais badaladas são Búzios e Cabo Frio. Entretanto, a mais bela - na minha opinião - é Arraial do Cabo.

Arraial tem o mar mais bonito que já vi na vida (não, ainda não fui ao Caribe!). As águas são transparentes e a areia, branquinha... Uma pintura! Só não vou dizer que dá vontade de não sair mais da água porque ela é também bastante fria.



Muitas pessoas vão para Arraial para mergulhar, pois a região possui uma rica vida marinha e, como a água é bastante límpida, a visibilidade é fantástica. As melhores praias - como essa aí da foto, o Pontal do Atalaia - são alcançadas de barco, portanto este é o passeio mais imperdível da cidade. Não precisa de agência, é só chegar na Praia dos Anjos e negociar com um dos muitos barqueiros. Se quiser passar o dia na praia, escolha a do Forno, cujo acesso é feito por uma trilha a partir da Praia dos Anjos. Caso queira facilidade, a Praia Grande é sua escolha.


A cidade em si não apresenta grandes atrativos. Pelo contrário! O crescimento desordenado fez com que Arraial ficasse arquitetonicamente feia, com construções feitas sem muito critério. À noite, não há a mesma badalação que há em Búzios nem o mesmo requinte.

Assim como eu, muitas pessoas se hospedam em cidades próximas e passam o dia em Arraial. De Cabo Frio e Búzios é um pulinho. Mas esteja certo de que vai tornar sua viagem inesquecível.

Até a próxima!

In: Vida e Viagem‏

sábado, 1 de outubro de 2011

Hospedagem em Buenos Aires

Da última vez em que estivemos em Buenos Aires queriamos nos hospedar na Recoleta. Todo mundo nos disse que era o melhor bairro, que saía daquela coisa de turista e dava pra ver a Buenos Aires dos portenhos, além de ser mais charmosa, com muitos bares e restaurantes e tudo mais. Bom, cismamos em ficar lá.

Pesquisamos muitos hotéis, porém achei tudo muito caro. Uma das grandes vantagens de Buenos Aires é que o nosso dinheiro está valorizado lá e conseguimos consumir coisas que aqui seriam muito difíceis. Logo, eu não ia dar meu dinheiro pra hotel mais ou menos!

Por acaso, em uma dica de um blog que nem me lembro qual foi, achamos o Studyo Pueyrredón. De cara, adoramos as fotos (pode acreditar nas fotos do site) e a possibilidade de ser um apartamento alugado, mas com as facilidades de um hotel. Quando vimos o preço, reservamos na hora.


Essas fotos foram tiradas por mim no apartamento em que ficamos. O nome estúdio é super adequado, pois é exatamente isso. Há apenas um cômodo, com quatro ambientes: o quarto, a sala, a cozinha e o banheiro, o único que tem porta. No "quarto" há uma cama de casal, uma estante e um armário com cofre, dois criados-mudos, luminária e espelho. Na "sala", há um sofá-cama, um rack com a televisão com canais a cabo e o roteador de internet, um telefone e uma mesa com quatro cadeiras. Na "cozinha", tem pia, cafeteira, torradeira, cooktop de duas bocas, frigobar, microondas, forno, talheres, pratos e panela. No banheiro, tem até banheira!


O apartamento é superbonitinho, dá pra morar. O chão é de madeira, tem ar condicionado split e é mesmo muito confortável. A camareira arruma todos os dias, mas se você ficar mais de uma semana pode negociar um desconto pra ela vir duas vezes. No quarto, a internet é free e você tem direito a alguns - não lembro quantos - minutos de ligações locais, o que é ótimo para fazer reservas, chamar táxi e tudo mais. O fato de ter cozinha também ajuda a economizar uma grana, especialmente porque há um supermercado quase em frente ao prédio.


A diária dá direito a café da manhã, que é tomado na Havanna bem pertinho do prédio. No prédio há piscina, academia, lavanderia (que funciona com moedinhas), porteiro 24 horas e um estacionamento pago no subsolo. A rua em que está localizado é bem movimentada e dá pra chegar de madrugada tranquilamente. O metrô não é longe e passam muitos ônibus por ela.

Pagamos cerca de 60 dólares por dia, reservando pelo Booking, o que consideramos uma ótima relação custo-benefício. Da próxima vez, já sabemos onde nos hospedar.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Unidades hoteleiras de Lisboa nos melhores do mundo

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OPÇÃO TURISMO A 16ª edição dos World’s Best Awards, atribuídos pela revista norte-americana Travel+Leisure, integrou os hotéis Olissipo Lapa Palace e o Four Seasons Hotel Ritz nos 100 melhores hotéis do mundo. As mesmas unidades integram ainda a lista das 15 melhores “Large City Hotels” europeus.
O Hotel da Estrela, integra a secção “Best Deals”, como opção para alojamento numa escapadela a Lisboa.
Os World Best Awards premeiam anualmente os melhores do sector do turismo a nível mundial, numa votação efectuada pelos leitores daquela publicação.
Por seu turno, o Conde Nast Traveler Espanha 2011, integrou o Chafariz d’el Rey, em Lisboa, e The Oitavos, em Cascais, entre os 201 Melhores Hotéis do Mundo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Armação de Pera...

No agosto algarvio de todas as enchentes, procure-se a Arte Náutica no lado mais sossegado do vasto areal de Armação de Pera. Sabores e vistas de mar conjugam-se com a passarada da Lagoa dos Salgados. 
Desfaça-se antes de mais o preconceito. Sim, a praia de Armação de Pera atrai muita gente, mas ao longo dos seus mais de 2 km, basta combater o “instinto gregário” que é como quem diz, evite-se a zona central da praia, frente à vila, e tudo será diferente.
Haverá gente, mas não multidões, e em compensação um areal imenso e um mar caloroso.
E é na zona menos agitada da praia de Armação de Pera que fica o restaurante Arte Náutica que estende o talento a uma ementa a variar de acordo com as estações. E por estas alturas, o peixe e o marisco serão as escolhas mais acertadas.
Aos sabores simples da grelha juntam-se as clássicas receitas da cozinha tradicional portuguesa, com o requinte de um espaço integrado no Vila Vita Parc Hotel, que gere o espaço.
A versatilidade do espaço, a que se costuma chamar luxo informal tem outras ofertas, entre saladas frescas e snacks sofisticados por afinal é verão um tempo em que os horários são mais livres e menos condicionados ao almoço e o jantar.
Outro dos aliciantes é o terraço, contando também o parque de estacionamento à disposição dos clientes e a vista esplendorosa sobre o mar.
São aconselhadas as reservas, em especial ao jantar e no caso de grupos familiares ou de amigos mais numerosos. Para tal está disponível o telefone 282 314 875.
Um mundo indeciso entre a terra e a água
Ali bem próximo fica a Lagoa dos Salgados, situada nos antigos sapais de Pera, um dos locais mais visitados do Barlavento algarvio por inúmeras espécies de aves.
É um mundo indeciso entre a terra e a água, já que na lagoa existem manchas de vegetação emergente que servem de refúgio à passarada que por ali se passeia.
Aqui já foram recenseadas cerca de 140 espécies, entre elas o caimão, a garça-real, o flamingo e o zarro castanho que vê nesta Reserva um dos dois únicos locais do país para nidificar.
Nas dunas próximas a vegetação que as segura consegue criar uma sinfonia de cores, escondendo por vezes as asas trémulas do mergulhão-pequeno ou do perna-longa.
A lagoa dos Salgados situa-se no troço final das Ribeiras de Espiche e de Alcantarilha, um sistema ecológico bastante diversificado.
Alia a extensa Praia Grande, protegida por um cordão dunar particularmente desenvolvido a zonas húmidas com grande valor paisagístico.
Trata-se do sapal e a Lagoa dos Salgados, a que se juntam formações geológicas singulares como a duna fossilizada, património rural que inclui moinhos de vento, manchas de vegetação natural e até o pequeno pinhal de Alcantarilha.
Um mundo encantatório que nos remete para um dia relaxante com experiencias “para mais tarde recordar”.

Barlavento

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Cruzeiros Enoturísticos na Baía dos Golfinhos - Wine Cruises in Dolphin Bay - Rota de Vinhos da Península de Setúbal / Costa Azul

19 de Agosto - Casa Agrícola Assis Lobo
Prova comentada pelo enólogo Rui Lobo

Para activar a visualização do cartaz desta iniciativa, desbloqueie a

visualização de imagens no seu programa de email


Passeios de barco no Estuário do Sado com provas de vinhos a bordo comentadas por enólogos das adegas da Península de Setúbal.

  • 19 Ago. - Casa Agrícola Assis Lobo - Rui Lobo
  • 26 Ago. - Herdade da Comporta - João Melo
  • 2 Set. - Venâncio da Costa Lima - Joana Vida

Outras sugestões 
    

  • Dias 25, 26 ou 27 de Agosto jante numa Pousada Histórica e assista ao espectáculo Dançarte In Castelo

    Poder criar e habitar o Castelo de Palmela, é um privilégio. Participar na história de num espaço emblemático, é um desafio. Partilhar a nossa arte com o público, é um gosto.
    In Castelo
    é o 7º espectáculo do ciclo IN OUT, criado para o Castelo de Palmela, um local onde a história se impõe, um local que conta histórias. Informações e Reservas: Cine Teatro S. João, Palmela, 212 336 630. A Rota de Vinhos da Península de Setúbal convida para uma prova de Moscatel de Setúbal no final do espectáculo.

    A Pousada do Castelo de Palmela propõe um buffet In Castelo. Valor: 20,00€ s/ bebidas. Informações e Reservas: Cine Teatro S. João, Palmela, 212 336 630 (contactos da bilheteira). Pagamento directo na Pousada do Castelo de Palmela.


     
  • Jantar vínico no dia 26 de Agosto!

    Participe no jantar vínico a realizar na Casa Ermelinda Freitas e sinta os vinhos da Península de Setúbal! Uma iniciativa Vinum Senses, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal. Informações: Casa da Baía, Setúbal, 265 545 010 ou no site da Câmara Municipal de Setúbal. Reserve já!

     
     
  • Fins-de-Semana Gastronómicos da Fruta de Palmela

    Nos dias 2, 3 e 4 e 9, 10 e 11 de Setembro, não deixe de visitar um dos restaurantes aderentes a esta iniciativa e descubra saborosos menús confeccionados com Fruta de Palmela. Informações: Posto de Turismo de Palmela, 212 332 122 ou no site da Câmara Municipal de Palmela

     
     
  • Como provar Moscatel de Setúbal?

    Sabe a história do Moscatel de Setúbal? Sabe como se prova este vinho generoso? Visualize o vídeo e aprenda os princípios básicos da prova. Inserido num projecto pessoal de pós-graduação, este vídeo será avaliado também pelo número de visualizações.

domingo, 7 de agosto de 2011

Arribas del Duero. Aldeiadávila del Duero

Arribas del Duero. Aldeiadávila del Duero
Parque Natural Arribas del Duero que percorre a zona transfronteiriça do rio Douro ao longo de 120 quilómetros.

Aconselho este percurso:
Podemos entrar no Parque Natural Arribas del Duero, seguindo a N630 (Vilar Formoso) em direção a Salamanca. Cortar  para Vitigodino em Fuente de S. Esteban. De Vitigodino a Trabanca são pouco mais de 30 quilómetros. Seguir depois pelo Embalse Los Almendres em direção a Formoselle onde existe uma Casa do Parque.

Quase todas as aldeias atravessadas na Senda del Duero têm albergues e casa rurais para pernoitar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Senhor do Atlas

 

A cordilheira do Alto Atlas marroquino é uma longa muralha com 700 quilómetros de extensão, que constitui uma fronteira entre Marrocos atlântico e sub-tropical, e Marrocos continental e desértico.
Os seus cumes mais altos ultrapassam ou aproximam-se dos 4.000 metros, como são exemplo o Jbel Toubkal no Alto Atlas Ocidental, com 4.167 metros, o Jbel M’Goun no Alto Atlas Central, com 4.068 metros ou o Jbel Ayachi no Alto Atlas Oriental, com 3.757 metros de altitude.
O Alto Atlas é um mundo de montanhas, rios, lagos, planaltos, vales férteis e gargantas escarpadas, habitado por tribos berberes desde tempos milenares, que conservam a sua identidade pela distância e isolamento.
Para além de fronteira geográfica, o Alto Atlas sempre foi uma fronteira política, que separou as regiões sedentárias governadas pelo poder central, o blad al-makhzen (ou país da lei), das regiões nómadas auto-governadas pelas tribos, o blad as-siba (ou país dissidente).
Foi a última região de Marrocos a ser dominada durante a conquista Islâmica e a última a ser pacificada pelo colonialismo francês.
Esta é a história de um homem chamado Thami El Glaoui, qadi ou chefe da tribo Glaoua, conhecido como o Senhor do Atlas, e do seu papel ao lado das forças coloniais francesas durante a ocupação e pacificação do Sul de Marrocos.
A Kasbah de Telouet, “ninho de águia”do Glaoui
Vários autores defendem que os Glaoua terão a sua origem na região sub-sahariana, tendo-se estabelecido no Alto Atlas, na zona a Sul da Cidade de Marraquexe, após expulsarem as tribos locais, nomeadamente os Ait Telouet.
O seu poder inicia-se no século XVIII quando se assumem como “porteiros” do Atlas, controlando a sua travessia pelas caravanas vindas do Sul e taxando os seus produtos, primeiro na estrada do Tiz’n’Test, entre Marraquexe e Taroudant, posteriormente na estrada do Tiz’n’Tichka, entre Marraquexe e Ouarzazat.  O Tiz’n’Tichka era de longe a rota mais proveitosa, já que constituía a passagem das caravanas oriundas da região do Tafilalt, ponto de chegada a Marrocos das especiarias, ouro e marfim.
É assim que, em meados do século XIX estabelecem um souk e um caravanserai em Telouet, no Tiz’n’Tichka, onde, para além de procederem à cobrança de taxas às caravanas, exploram minas de sal e manganésio existentes no local. “Havia de tudo em Telouet, tâmaras, azeite, henna, café, produtos de beleza, mel, cereais.”
O seu reconhecimento oficial enquanto tribo dominante do Sul marroquino remonta ao ano de 1893, quando o Sultão Mulay Hassan fica retido por uma tempestade de neve nas montanhas do Alto Atlas e é salvo pelos Glaoua. Mulay Hassan designa El Madani El Glaoui como Califa dos Glaoua e seu representante em todas as regiões do Sul, conferindo-lhe o título de grão-vizir (primeiro ministro) e oferece-lhe simbolicamente um canhão alemão Krupp, hoje ainda em exposição na Kasbah de Taourirt em Ouarzazat. Ao seu irmão Thami, de 28 anos, concede o título de Pachá de Marraquexe.
O canhão dos Glaoua passa a ser o símbolo da sua superioridade guerreira. A tribo Glaoua, feudal e bélica por natureza, passa a dispor da artilharia para conquistar mais terras aos seus vizinhos.
A Kasbah de Taourirt em Ouarzazat . Do lado esquerdo, no canto do edifício, é visível o canhão Krupp oferecido por Moulay Hassan aos Glaoua
Este reconhecimento permite aos Glaoua não só controlarem oficialmente o comércio das caravanas e das tribos do Sul, como também a sua comercialização no grande souk de Marraquexe. Impõe-lhes também a responsabilidade de representarem o makhzen na região e o papel de exercerem a sua autoridade.
No ano de 1900 El Madani comanda uma operação militar para conquistar o Todra e o Tafilalt, mas é derrotado pela confederação das tribos Ait Atta.
Em 1912 é estabelecido o protectorado da França em Marrocos e os franceses tiram partido da hegemonia dos Glaoua no Sul do país.
Com a morte de El Madani sucede-lhe como qadi o seu irmão Haj Thami El Mezouari El Glaoui, que ficou conhecido como o Senhor do Atlas. O Glaoui, que tinha perdido o título de Pachá de Marraquexe nos anos que antecederam a instauração do Protectorado, é reconduzido no cargo pelas autoridades coloniais, tornando-se o representante da ocupação francesa no Sul até à independência de Marrocos em 1956.
Haj Thami El Glaoui
Aos olhos do Marechal Lyautey, Governador do Protectorado, o Glaoui será o pacificador do Sul.
A partir da Kasbah de Telouet organiza as suas acções militares contra as tribos rebeldes. Em 1912 faz uma nova tentativa falhada de derrotar os Ait Atta no Todra.
Nesta altura a estratégia militar da França para o Sul de Marrocos era a de utilizar os nativos para combater os rebeldes, organizando um exército de Harkas ou Goums, nome dado aos soldados marroquinos comandados por oficiais franceses.
De facto os franceses cedo percebem que não será com as suas tropas, nem mesmo com a temível Legião Estrangeira, que conseguirão dominar esta região, tão geograficamente isolada, topograficamente irregular e humanamente indomesticável.
Aldeia no Vale de Ourika
Várias bases e estruturas de ocupação são então criadas, sob a forma de Kasbahs e Ksars, em Ouarzazat, Skoura, Lgumt, Ait Seddrate, Tinghir e no vale do Draa. No território de cada tribo derrotada os Glaoua constroem uma Kasbah que alberga uma administração hierarquizada. Por esse motivo muitas das Kasbahs da região são conhecidas pelo nome de “Kasbah do Glaoui”.
Para as controlar são substituídos os imgharen, ou chefes tribais, e nomeados notáveis Glaouis ou homens da sua confiança escolhidos no seio das tribos locais, com a missão de gerir essas zonas e estabelecer a ligação entre a população local e o makhzen, neste caso a administração colonial.
Por sua vez os qaids (alcaides) Glaouis eram controlados pelo “oficial dos assuntos indígenas”, nomeado pelo ministério francês da guerra, que controlava toda a vida politica, social, económica e judicial da circunscrição de que estava encarregue.
Esta política permite obter melhores resultados sem percas de vidas francesas.

A Kasbah de Amerdihil em Skoura
Estas Kasbahs e Ksars são construções de terra crua, taipa ou adobe, muitas vezes em “taipa militar”, que integra no material a cal como forma de o tornar mais resistente. São estruturas fortificadas, construídas em altura, com poucas aberturas para o exterior, não só por questões térmicas, como também defensivas.
Constituem uma importação da arquitectura tradicional Yemenita, já que a região dos vales do Draa e do Dadés foram ocupadas no século XI por tribos Árabes Maaqil originárias do Yemen, após submeterem os berberes e os arabizarem.
A diferença tipológica entre a Kasbah e o Ksar é que a primeira é uma cidadela fortificada, portanto um conjunto de habitações agregadas, enquanto o segundo é um castelo, um edifício que constitui uma unidade construtiva.
Destes termos derivam as designações portuguesas Alcáçova e Alcácer.
A Kasbah de Ait Benhaddou, classificada pela UNESCO como Património Mundial
Mas a situação não é pacífica e a França colonial não consegue impor o seu poder através dos Glaoua. Se é verdade que nas áreas urbanas os qaids governam, como em Ouarzazat e Tinghir, nas regiões circundantes as tribos não se submetem, caso dos Ait Atta, Ait Seghruchen, Ait Mrghad, Ait Hadiddu e Ait Ysha.
Os Ait Atta, que são na verdade uma confederação de tribos, criada durante a ocupação da região pelos Maaqil do Yemen, assumem-se como a verdadeira resistência á política de pacificação. Sediados na zona do Todra inviabilizam a ocupação de todo o Sueste de Marrocos, nomeadamente do Tafilalt.
Em 1920 os franceses ordenam ao Glaoui que organize um ataque em força com tropas Harka. É enviado um exército de 8.000 homens e 6 peças de artilharia de montanha, que apesar de submeter os Ait Dadés, é derrotado pelos Ait Atta.
Após 4 anos de guerra os franceses percebem que os Harka não conseguirão pacificar a zona, instalando então em Ouarzazat um centro de operações com tropas mistas, com dependências em Telouet, Kalaat M’Gouna, Boumalne, Imiter, Agdz e Taliwine.
A partir desta altura a França irá utilizar a sua superioridade em armamento para iniciar uma guerra sem tréguas contra a resistência.
Kasbah em Kalaat M’Gouna
A intervenção directa do exército francês é decisiva. No início dos anos 30 o Tafilalt é ocupado pelas forças coloniais. A estratégia é cercar os Ait Atta e inviabilizar que recebam apoios de outras tribos.
Derrotados no Todra em 1931 os Ait Atta refugiam-se no Jbel Saghro, no Anti-Atlas, e capitulam em 1933 após a batalha de Bou Gaffer.
Bou Gaffer é um símbolo da resistência marroquina à ocupação estrangeira. O exército francês conta com 50.000 homens entre tropas regulares do Exército de Africa, Harkas e a
Legião Estrangeira, 40 aviões e artilharia. Do outro lado estão 1.000 Ait Atta, entre homens, mulheres e crianças. Os franceses precisam de 42 dias para os derrotarem.
A violência do ataque francês é visível nos rochedos de granito fragmentados pelos bombardeamentos de artilharia e da aviação. O terreno ainda hoje está repleto de obuses por deflagrar, que constituem uma ameaça permanente para a população local.
Bou Gaffer é também um símbolo da coragem da mulher amazigh. “De todas as guerras conhecidas, a mulher nunca tinha tido um papel tão proeminente e admirável como na batalha de Bou Gaffer. Ela assegura a retaguarda, prepara os víveres e as munições, procura água nas nascentes descobertas, apoia e mantém viva a chama de combater e resistir, admoesta os hesitantes, encoraja com “yuyus” estridentes que os ecos das montanhas amplificam…”
Kasbah de Ait Benhaddou
Apesar do cargo de Pachá de Marraquexe, o Glaoui vive a maior parte do tempo no seu ninho de águia de Telouet, uma Kasbah ricamente decorada em estilo Andalus, com acabamentos em mármore, estuques e painéis de azulejos, recheada de móveis de qualidade e tapetes do melhor gosto.
O poder do Glaoui traduz-se na enorme riqueza que acumula. Calcula-se que só em terras expropriadas aos seus legítimos proprietários o seu património tenha ultrapassado os 5.000 hectares, a juntar aos 3.500 hectares oferecidos pelo estado colonial.
Na sua vida social relaciona-se com a elite da administração colonial francesa e de figuras de estado de outras potências, como Winston Churchill, com quem joga golfe e bebe chá nos jardins do hotel Mamounia.
O colaboracionismo do Glaoui chega ao ponto de enviar em 1926 para o Rif 1.000 Harkas para combater as forças do nacionalista Abdelkrim El Khattabi.
O Vale do Dadés
O ano de 1953 marca o início da queda do Glaoui, ao conspirar com os franceses para exilar o Sultão Mohamed V. As relações do Sultão com a administração francesa tinham entrado em rota de colisão desde que proferiu o famoso discurso de Tânger em 1947, no qual reclama a independência de Marrocos. Mohamed V é exilado para a Córsega e depois para Madagáscar.
Em 1955 regressa do exílio e é recebido triunfalmente pela população. O Glaoui apresenta-lhe o seu pedido de perdão publicamente, o qual é aceite.
No ano seguinte Marrocos torna-se independente e Mohamed V o seu primeiro Rei.
Haj Thami El Mezouari El Glaoui morre nesse mesmo ano em Telouet vítima de cancro.
Após a sua morte a Kasbah de Telouet é pilhada.

Após a independência as Kasbahs da família do Glaoui foram nacionalizadas pelo estado marroquino, constituindo hoje um Património de inegável valor cultural e paisagístico, e contribuindo decisivamente para a promoção turística do Sul do país.
O seu valor suscita o interesse das autoridades e de inúmeras organizações internacionais para a sua recuperação, salvaguarda e valorização, caso de Ait Benhaddou classificada pela UNESCO como Património Mundial ou Taourirt recuperada integralmente.
Quanto a Telouet, continua votada ao abandono, parcialmente arruinada, como que penitenciando-se pela traição do Glaoui, personagem que fica na memória de Marrocos como o símbolo do colaboracionismo com a ocupação estrangeira. Paradoxalmente, a população residente no local continua fortemente arreigada à imagem do Glaoui e dos tempos de prosperidade de Telouet, considerando-o como um pai e um protector.
Bibliografia:
AMAHAN, Ali . “Mutations sociales dans le Haut Atlas : les Ghoujdama” . MSH, Rabat, 1998
EL MANOUAR, Mohamed . “L’organisation coloniale dans le Sud marocain : Glaoui, «bouclier» des forces colonials” . Le matin.ma, 2005
SAMAMA, Yvonne . “Fragilisation du pouvoir royal et émergence d’un pouvoir parallèle fort _ Le cas de Thami El Glaoui au Maroc (fin XIXe -milieu XXe siècles)”
“L’Histoire de Tinghir” . Tinghir on line, 2010
“Un Peuplement Ancien” . Imassine, 2008

Frederico Mendes Paula